Pierre Rosa
Publicado em 09.06.2010 			
A necessidade por liderança qualificada na  igreja local foi primeiramente evidente quando os apóstolos concluíram  que era hora de escolher "homens de boa reputação, cheios do Espírito  Santo e de sabedoria" (Atos 6:3) para servir às mesas enquanto o  ministério pastoral recebia atenção integral. 
Mais tarde, com a  eleição de anciãos em cada igreja (Atos 14:23), a formulação de uma  filosofia apropriada de ministério se tornou essencial. Paulo e Pedro,  sob a direção do Espírito Santo escreveram às igrejas e a indivíduos  sobre como cuidar do rebanho de Deus da maneira correta. As  qualificações espirituais do pastor deveriam ser observadas não só na  fase apostólica da presente dispensação, mas pelos séculos  vindouros.     
Hoje, infelizmente, é preciso distinguir entre  ministério pastoral bíblico e não bíblico. Isso porque muitos líderes  decidiram abandonar o modelo canônico, considerando-o arcaico e  desatualizado. Tal filosofia de ministério é desastrosa e, embora  produza resultados aparentemente positivos, é deficiente no quesito  fundamental ao ofício pastoral: a fidelidade. 
A obsessão em  trazer multidões acaba convidando o pragmatismo a ser adotado como regra  na igreja e quando menos se espera, a distinção entre o Corpo de Cristo  e o mundo desaparece. Por isso é fundamental que líderes eclesiásticos  testem suas filosofias de ministério à luz da Palavra de Deus, lembrando  que métodos seculares, por vezes se desatualizam, mas as Sagradas  Escrituras são sempre relevantes, suficientes e perfeitamente adequadas  para um ministério eficaz. Uma apuração do conteúdo bíblico designado a  líderes revela pelo menos quatro imperativos fundamentais, sem os quais,  qualquer metodologia pastoral se torna incompetente.
O primeiro  deles é produzir discípulos. A preferência por crescimento numérico, se  não for avaliada, pode suplantar a fidelidade à missão mais importante  da igreja. Enquanto muitas idéias de evangelismo em massa são propostas  (a maioria das quais oriundas daqui dos EUA- como o movimento seeker-friendly),  a responsabilidade pessoal do pastor em compartilhar a sua fé acaba  sendo negligenciada. 
Muitas estratégias de evangelismo se  limitam a trazer o incrédulo a um determinado evento da igreja. Vale  lembrar, porém, que Jesus foi bem claro em sua comissão dos onze (Mateus  28:19-20). O verbo principal dessa construção, no original grego, é fazei  discípulos. Os outros três (ir, batizar, e ensinar), são  particípios que descrevem a ação do verbo principal (o primeiro, ide,  funciona como imperativo). Portanto, qualquer estratégia de alcançar a  comunidade secular que não enfatiza o ir não é fiel ao  mandamento do próprio Jesus. Consequentemente, o pastor que não  exemplifica o evangelismo pessoal falha com sua congregação e com seu  Deus.    
O segundo mandamento aos pastores é a pregação da  Palavra de forma expositiva. Curiosamente, Jesus, apesar da constância  com que ensinava em parábolas, costumava expor as Escrituras (compostas  somente pelos livros do Velho Testamento na época) diante das multidões,  atestando à veracidade de acontecimentos como a criação do homem e o  dilúvio. Muitos pastores, entretanto, abandonam esse método, em busca de  algo mais "apropriado" às mentes pós-modernas de hoje. Paulo,  entretanto, não poderia ser mais claro com seu filho na fé. Ele insistiu  solenemente que Timóteo não sucumbisse à tentação de satisfazer as  demandas do povo. O jovem pastor deveria pregar a Palavra (e não dar a  sua opinião sobre ela) a qualquer custo, admoestando, repreendendo e  exortando (2º Timóteo 4:1-2).
A terceira instrução bíblica a  pastores é a capacitação dos santos. Todo líder de rebanho deve, além de  produzir discípulos, prepará-los para a obra do ministério. Felizmente,  Jesus deixou o exemplo de como investir em outras pessoas. Os doze  discípulos, com a exceção de Judas, se tornaram líderes da igreja  primitiva, em parte, porque passaram três anos convivendo com o Mestre. 
Pastores,  que devem ser imitadores de Cristo (1 Coríntios 11:1), são instruídos a  treinar o seu rebanho para a obra, em vez de assumir todas as  responsabilidades do ministério. Essa é uma função pastoral que requer  esforço elevado. Por isso muitos a delegam, entendendo ser a sua função  mais importante, requerendo status de patrão. Entretanto, a instrução de  Paulo aos Efésios é inconfundível. O próprio Jesus estipulou certos  ofícios na igreja tendo em vista "o aperfeiçoamento dos santos, para a  obra do ministério, para a edificação do corpo" (Efésios 4:11-12). Uma  delas é função do pastor-mestre, que deve, além de produzir discípulos,  preparar os mesmos, criando oportunidades para o serviço a Deus. 
Por  fim, o quarto encargo fundamental do pastor é pastorear o rebanho. Além  de produzir e preparar discípulos de Jesus, o líder deve promovê-los a  seus respectivos chamados. Esse trabalho também é árduo e requer muita  dedicação. São poucos os que investem o tempo necessário nessa causa.  Mas Pedro alerta aos presbíteros na Ásia Menor: "Apascentai o rebanho de  Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a  vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como  dominadores sobre os que vos foram confiados, mas, servindo de exemplo  ao rebanho" (1 Pedro 5:1-3). 
Certamente os pastores das igrejas  em Ásia Menor seriam tentados a não pastorear de maneira correta para  evitar a severa perseguição por parte de Nero. Porém, o exemplo de  fidelidade deveria ser dado. Além do mais, a "imarcescível coroa da  glória estava reservada aos anciãos que perseverassem diante de tão  grande tribulação (1 Pedro 5:4). Para os leitores contemporâneos da  primeira epístola petrina, a promessa ainda é válida, assim como a  responsabilidade ainda é vigente. Qualquer outra forma de pastorear é  ineficaz.       
Produzir discípulos (por meio de evangelismo  individual); pregar a Palavra (de maneira expositiva), preparar  discípulos (capacitando-os para a obra), e pastorear o rebanho  adequadamente são as quatro marcas fundamentais de um ministério  bem-sucedido. Sem esses absolutos qualquer filosofia de liderança  pastoral se torna obsoleta e inadequada. Ainda que a congregação cresça  numericamente, o objetivo deve ser a fidelidade e não o resultado. É  possível controlar o primeiro, mas o segundo só Deus pode trazer. Ele o  fará conforme a sua vontade soberana, em tempo determinado.
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Os 4 pilares da liderança pastoral
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